Lista publicada pela BBC Future dá uma amostra de tecnologias e tendências de comportamento que já estão influenciando o futuro e é a partir da linguagem que começamos a entender melhor essas mudanças.
  1. Arquitetura Autônoma
    Depois de termos conhecido as impressoras 3D e desfrutado suas funcionalidades do makerspace à produção de artigos de decoração, impressoras de dimensões bem maiores estão sendo usadas para construir casas sem a necessidade de mão de obra humana. Bastam apenas algumas horas para que uma casa seja construída por esse modelo desenvolvido pelo MIT. Por outro lado, aqui no Brasil, também temos o exemplo de Anielle Guedes e seu projeto Urban 3D, que se baseia no desenvolvimento de um concreto sintético mais sustentável e menos poluente que o tradicional, o qual pode se transformar em filamento para impressoras 3D.
  2. Li-fi a bordo
    A maioria das empresas aéreas atuais pede para que os passageiros desliguem os celulares ou coloquem os dispositivos em modo avião, mas uma nova tecnologia baseada em luz pretende permitir que as pessoas continuem online mesmo na decolagem ou no pouso. A tecnologia se baseia na implementação de lâmpadas LED que são posicionadas acima da cabeça dos passageiros e piscam em uma velocidade tão rápida que fica imperceptível ao olho humano, assim proporcionando uma conexão com a internet capaz de enviar dados 100 vezes mais rápido do que uma wi-fi tradicional. Uma das empresas trabalhando nisso é a Airbus, mas é necessário que os aparelhos possuam a funcionalidade de conexão com esse tipo de internet, algo que pode ser resolvido com um drive em USB. É dito que as mais recentes versões do iOS também já possuem código para liberar esse tipo de conexão por luz, conhecido como li-fi.
  3. Brainjacking
    Cada vez mais implantes médicos estão sendo desenvolvidos para proporcionar uma conexão sem fio, de modo que possam ser remotamente programados, controlados e recarregados sem necessidade de maiores procedimentos cirúrgicos. No entanto, do mesmo modo como já se conseguiu hackear um marca-passo, também esses dispositivos estão à mercê de ataques.
    Por conta disso, especialistas em segurança da informação estão explorando as implicações que tais ataques poderiam repercutir, especialmente porque cada vez mais pacientes estão recebendo implantes cerebrais desenvolvidos para estimular a atividade neural de pacientes que sofrem com o mal de Parkinson, Tourette, dor crônica, depressão, anorexia, distúrbios de humor e transtorno obsessivo-compulsivo. Na Universidade de Oxford, especialistas apontam para a possibilidade de se remotamente controlar esses dispositivos para causar ao usuário efeitos como dores intensas, tremores ou mesmo mudanças de comportamento.
  4. Platooning
    Cada vez mais caminhões autônomos estão começando a aparecer pelas estradas, oque significa uma drástica redução no congestionamento e uma economia de até 10% do combustível. Já em 2016, na Europa, obtiveram sucesso com um experimento de truck platooning, que significa colocar dois ou três caminhões autônomos dirigindo pela estrada e conectados via wireless, sendo que é o primeiro caminhão na fila que determina a velocidade e o caminho, enquanto os demais o seguem. Uma das questões levantadas aqui, no entanto, é o problema do desemprego que essa tecnologia irá acarretar.
  5. Machine bias
    Algoritmos de machine learning já são capazes de calcular nosso crédito social, ter acesso a nossas aplicações de seguro e contratos, ou simplesmente fazerem recomendações musicais em nossos aplicativos de streaming de música. Esses mesmos programas também já nos auxiliam dando dicas dos melhores investimentos em ações, além de também ajudarem médicos a diagnosticarem câncer.
    Mas, apesar de esses sistemas parecerem infalíveis e precisos, a verdade é que eles ainda estão um passo atrás de alcançar esse patamar: uma inteligência artificial funciona totalmente de acordo com os dados que lhes são apresentados, o que significa que ela vai absorver inputs tendenciosos e opiniões que são de seus programadores, mas não dela em si.
    De acordo com Katherine Flethcer, coordenadora de pesquisa em segurança da informação na Universidade de Oxford, “se há um pouquinho de viés introduzido já nas primeiras fases de desenvolvimento por conta dos dados que estão sendo usados, isso pode ser amplificado a cada geração de código a ser melhorado.”
    Exemplos assim podem ser observados, por exemplo, na maneira como assistentes digitais são programadas para serem entidades femininas, sem, no entanto, representarem efetivamente uma mulher de maneira realista, ou quando serviços médicos, como o Apple Health, não incluíam questões de saúde relacionadas à saúde feminina.
  6. Crowdturfing
    Ao comprar um produto ou um serviço online, muitos de nós recorremos às resenhas e indicações de outros consumidores para nos certificar de que nosso dinheiro será bem investido. Mas, na verdade, existem empresas que pagam pessoas para escrever resenhas positivas para alavancar seu negócio, assim como também há aqueles que pagam para que as pessoas avaliem negativamente as empresas rivais.
    Essa prática ficou conhecida como “crowdturfing”, em referência à expressão crowdsourcing, ao tratar da contratação de várias pessoas para produzir esse tipo de conteúdo falso — algo decepcionante, mas não surpreendente em tempos de pós-verdade e fake news.
    Ainda, pesquisadores defendem que a inteligência artificial pode piorar ainda mais essa situação, conforme testes realizados na Universidade de Chicago usaram uma rede neural para multiplicar essa geração de resenhas em plataformas como Yelp e Tripadvisor.
  7. Ciberataques por inteligência artificial
    Várias grandes empresas possuem dados sensíveis de seus clientes e, cada vez mais, hackers estão interessados em acessar e vazar esse tipo de informação. Um exemplo foi o caso do WannaCry, que atingiu o sistema de saúde público do Reino Unido do ano passado, fazendo com que os hospitais cancelassem algumas operações.
    Cada vez mais acirradas, as disputas travadas entre empresas de segurança de informação e hackers expõem um outro patamar no qual machine learning pode passar a ser usado para potencializar esses ataques. Outra maneira seria a programação de chatbots sofisticados capazes de extrair informações confidenciais, como dados bancário. Por outro lado, empresas como a McAfee também defendem que a inteligência artificial tem o poder de ajudar nas estratégias de defesa ao auxiliarem o diagnóstico e identificação de problemas antes que estes sejam explorados por hackers.
  8. Computadores alucinando
    Com a implementação de machine vision em veículos, tanto carros comuns quanto autônomos se beneficiam dessa tecnologia que proporciona uma maior percepção dos arredores e um melhor suporte para estacionamento. No entanto, conforme as máquinas são treinadas para reconhecer objetos ao longo da estrada, também elas podem acabar sendo enganadas se sinais de trânsito, por exemplo, receberem intervenções como grafite e adesivos.
    Pesquisadores têm chamado esse tipo de problema de “alucinação, porque tais intervenções são capazes de fazer com que a visão do computador enxergue as coisas com outras texturas que nada têm a ver com o que o olho humano percebe da mesma cena. No MIT, eles já conseguiram, por exemplo, enganar uma inteligência artificial do Google fazendo-a pensar que um modelo impresso em 3D de uma tartaruga era, na verdade, um rifle. Segundo Andrew Ilyas, coordenador da pesquisa, esse mesmo tipo de estratégia pode ser usado para fazer com que a visão dos carros autônomos seja confundida e acabe gerando acidentes.
  9. Internet dos ouvidos
    Do mesmo modo que as assistentes digitais como Alexa ou Google Home funcionam à base do comando de voz, também espelhos, carros, chuveiros, microondas e até mesmo vasos sanitários passarão a ter esse mesmo tipo de interface. De acordo com analistas da J Walter Thompson, o comando de voz tem cada vez mais potencial de se tornar uma tecnologia popularizada e integrada à tendência da internet das coisas e do processamento natural de linguagem, uma técnica implementada em chatbots, mas que desloca a nossa necessidade de aprender a comunicar como as máquinas para que estas, então, aprendam a nossa linguagem para se comunicarem conosco.
  10. mHEALTH
    Apesar de existirem diferentes maneiras de se burlar o sistema de wearables como FitBits e Apple Watch, cada vez mais esses acessórios têm se aprimorado para oferecer um melhor monitoramento e acompanhamento das atividades físicas e da condição de saúde dos usuários. Os dados coletados por esses dispositivos, por sua vez, também podem se conectar com bancos acessados por médicos, de modo que eles possam realmente ter um acompanhamento em tempo real e a longo prazo do comportamento do paciente, o que significa também um mais preciso diagnóstico que, aliás, também pode ser dado à distância.
  11. Barreiras oceânicas anti-poluição
    A fundação Ocean Cleanup está extraindo a poluição causada por resíduos plásticos no Oceano Pacífico a partir de uma barreira construída para coletar esses descartes e reencaminhá-los à terra para a reciclagem. A maior conscientização do descarte que chega às águas oceânicas tem sido também observada conforme mais pessoas estão abandonando o canudo plástico e novos designs de embalagens biodegradáveis pensam em soluções mais eficientes e sustentáveis.
  12. Qi
    Apesar de a tecnologia de carregamento de bateria wi-fi já estar no mercado há algum tempo em dispositivos como escovas de dente elétricas, a tendência é que em 2018 e 2019 haja ainda mais aparelhos usando essa mesma técnica. A Apple, por exemplo, está para lançar a plataforma de carregamento AirPad para ser usada ao seu último iPhone e Apple Watch lançados. Várias outras empresas como a Samsung também adotaram o padrão Qi de carregamento wi-fi, o qual usa um campo eletromagnético para induzir corrente em uma bobina instalada no receptor da bateria dos aparelhos. Por isso, quando posto acima desse transmissor, o carregamento começa a ser feito.
    Estabelecimentos comerciais, como o McDonald’s, já estão instalando postos de carregamento wi-fi em pelo menos mil restaurantes no Reino Unido, enquanto que fabricantes de carro como BMW, Ford, Toyota e Volkswagen querem incluir esse mesmo dispositivo em seus novos modelos de veículo.


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